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Sobre a temática: Inovações Sociais

Inovação é um termo que tem sido usado cada vez mais nas áreas econômica, científica, tecnológica, educacional, social e nas mais diversas situações. Trata-se de um conceito que tem servido às mais variadas aplicações e que deve portanto ser explicitado quando utilizado pois pode ter diferentes pressupostos conforme seus propositores. Daí a necessidade de se organizar um colóquio em que este conceito seja o foco das discussões e reflexões no sentido de melhor compreender seu sentido e seus usos e principalmente da concepção de Inovação Social.

 

Diferentes autores têm buscado conceituar inovação e alguns, diferenciando inovação em, termo geral, inovação tecnológica e inovação social, dentre outras adjetivações. A ideia defendida por Carbonell (2002) é de que a inovação pressuponha a introdução de um produto ou processo que provoque uma mudança de qualidade. Esse autor trata principalmente da inovação no âmbito da educação e identifica alguns pressupostos presentes em experiências inovadoras tais como: articulação dos saberes; práticas democráticas atrativas; rompimento com a cisão entre concepção e execução; intercâmbio e cooperação; o estímulo a inquietações; o acesso ao conhecimento do novo e também compreensão do que é vivido.

 

Para Messina (2001, p. 226) inovação tem sido referência na educação e define pelo menos dois componentes que lhes são próprios: “ a) a alteração de sentido a respeito da prática corrente; e, b) o caráter intencional, sistemático e planejado em oposição às mudanças espontâneas.”

 

Alguns autores tem questionado ainda sobre se uma experiência inovadora provoca algum tipo de desenvolvimento local, e de alteração nas condições  de vida de uma população, tendo em vista que “mudança, por si só, não é sinônimo de melhoria” (CARBONELL, 2002, p. 19).

 

Considerando a proximidade de inovação com tecnologia, Bignetti (2011) trata exatamente de esclarecer as relações entre inovação social e inovação  tecnológica, mostrando que não há incompatibilidade, destacando as interseções e diferenças entre os dois conceitos, mas, corroborando com os pressupostos defendidos por Carbonell. Esses pressupostos definem a inovação social como “o resultado do conhecimento aplicado a necessidades sociais através da participação e da cooperação de todos os atores envolvidos, gerando soluções novas e duradouras para grupos sociais, comunidades ou para a sociedade em geral” (BIGNETTI, 2011, p. 4).

 

Outra discussão recorrente em relação a esse conceito diz respeito à inovação como processo e/ou como produto, como nos trabalhos de Boullosa e Schommer (2009) e de Hulgard e Vieira Ferrarini ( 2010). Discute-se sobre os sujeitos envolvidos, a relação entre sociedade civil, estado e mercado, sobre os movimentos sociais, sobre os meios e fins de projetos econômicos e sociais, sobre participação e autonomia, mas, sempre tendo em vista os limites e os alcances dos resultados e das transformações de forma mais efetiva.

 

A partir dessas considerações e de alguns outros estudos, envolvendo experiências inovadoras e suas relações com o desenvolvimento local, levanta-se ainda que uma experiência socialmente inovadora deve: envolver o coletivo; garantir a solidariedade e a responsabilidade; considerar fatores econômicos, políticos mas também culturais; considerar a realidade do território e envolver o entorno; respeitar a diversidade; possibilitar a igualdade de oportunidades;  promover mudanças no cotidiano e não apenas nos acontecimentos eventuais; ir ao encontro das demandas; possibilitar a participação; mobilizar e otimizar recursos; favorecer o trabalho em equipe; mudar mentes e instituições; valorizar mais o processo do que o produto; lutar contra o individualismo; viabilizar o acesso á informação; possibilitar trocas; evitar o imediatismo; vencer a inércia; ter persistência e permitir o tempo necessário à mudança/inovação; enfim, contemplar componentes progressistas e emancipatórios (CAMAROTTI, 2004; CÔTÉ e SIMARD, 2011 ; SPINK, 2003; OSSANI, 2013; CARVALHO, CARDOSO, TATAMOTO E PIO, 2012).

 

Assim, constata-se: que são inúmeros os aspectos relacionados à inovação social que dizem respeito aos princípios e propostas priorizadas e discutidas no Programa de Pós Graduação em Gestão Social Educação e Desenvolvimento Local e que, portanto, justificam a importância de um Colóquio que trate desse tema como foco central.

 

REFERÊNCIAS

 

BIGNETTI, Luiz Paulo. As inovações sociais: uma incursão por ideias, tendências e focos de pesquisa. Ciências Sociais Unisinos, v. 47, n. 1, jan.-ab., 2011, p. 3-14.

 

BOULLOSA. Rosana de Freitas; SCHOMMER, Paula Chies. Gestão Social: caso de inovação em políticas públicas ou mais um caso de Lampedusa? III Encontro Nacional de Pesquisadores em Gestão Social, realizado em maio de 2009 em Juazeiro/BA e Petrolina/Pe. CAMAROTTI, Ilka. Construção de indicadores de desenvolvimento local. IX Congreso

 

Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública,  Madrid, España, 2-5 nov. 2004

 

CARBONNEL, Jaume. A aventura de inovar. Porto Alegre: Artmed, 2002.p.15-40

 

CARVALHO, Adriane Maria Arantes de; CARDOSO, Ana Maria Pereira; TATEMOTO, Letícia Caroline Barche; PIO, Djenane Alves Costa. Inovação social em políticas públicas: a juventude em foco. INF. INF., Londrina, v. 17, n.2, p. 1-36, mai.-ago. 2012.

 

CÔTÉ, Denyse; SIMARD, Étienne. Inovações sociais e governança no Québec: que lugar resta aos novos movimentos sociais? Ciências Sociais Unisinos, v. 47, n. 1, jan.-abr. 2011. p. 25-32.

 

HULGARD, Lars; VIEIRA FERRARINI, Adriane. Inovação social: rumo a uma mudança experimental na política pública? Ciências Sociais Unisinos, v. 46, n. 3, set.-dez. 2010. p. 256-263.

 

MESSINA, Graciela. Mudança e inovação educacional: notas para reflexão. Cadernos de Pesquisa, n. 114, n. 2, nov. 2001. p. 225-233.

 

SPINK, Peter. Inovação na perspectiva dos inovadores: a experiência do Programa Gestão Pública e Cidadania. Cadernos Ebape, FGV, v. 1, n. 2, 2003. p. 1-13.

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